quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Kitembo - A bandeira funfun


Tempo é um orixá originário de Íwerè, região que fica ao leste de Òyó na Nigéria, tão importante que ele é um orixá.
Tem um dito que diz "O tempo dá, o tempo tira, o tempo passa e a folha vira", muitas vezes precisamos que o tempo nos seja favorável, e outras não, quero dizer, precisamos de tempo curto ou longo, com o bom uso do tempo, muitas coisas se modificam, ou podemos modificar.
Tempo tem um temperamento estável, de caráter firme e em alguns casos violento.
Tempo é cultuado numa árvore a gameleira-branca, que fica acentuado o caráter reto e firme do orixá pois suas raízes são fortes, firmes e profundas. 
É representado, nas casas de Angola, por um mastro com uma bandeira branca (funfun), tambem chamada de Bandeira de Tempo.
Em geral na frente das grandes casas de Candomblé, existe uma grande árvore com raízes que saem do chão, e são envoltas com um grande Alá (pano branco), este é Tempo, que é tido com árvore guardiã da casa de Candomblé pois ter esta árvore plantada no terreno da casa de Candomblé representa força e poder.
Quatro é o número da Terra; quatro foram os dias que Olorum levou para criar o mundo; a cada dia, quatro são as estações do ano: verão, inverno, outono e primavera; quatro são os elementais da natureza: fogo, água, terra e ar. Ligado a este numero quatro, está o Orixá Tempo – de origem Angola e Congo – semelhante ao Irôko, da Nação Ketu e a Loko, de Nação Djedje .
Tempo é o senhor das estações do ano; regente das mutações climáticas. Pai da Maiongá, o banho da Nação Angola.
Tempo está sempre em movimento, entre uma e outra extremidade dos polos. Ora está em Exu – equilíbrio negativo do Universo – oras está em Oxalá – equilíbrio positivo do Universo – ora intermediário entre um e outro polo. Tempo é equilíbrio e desequilíbrio, ao mesmo tempo. Ele é o segundo, o minuto, a hora.
Nas casa de Angola, Tempo é reverenciado com o Pai da Maiongá, do banho, que vai purificar o corpo dos seguidores e iniciados no culto, no momento de maior energia, e vibração deste Inkice (Orixá). Momento, também, de maior purificação, feita através do banho com ervas, água do mar, de cachoeira, de rio, de mina e de chuva, etc.
Tempo está ligado ao meio ambiente, pois qualquer choque ambiental tem a sua regência. Ligado intimamente aos quatros elementais da Natureza, Tempo viaja por todos eles, num movimento constante, alterando infinitamente o  tempo. Sem esse movimento, viveríamos o mesmo segundo sempre, melhor, “sempre” não existiria. Com o tempo parado, não poderia existir vida de nenhuma espécie. A este Orixá, também chamado de Kitêmbo, foi designado e controle do ambiente, a passagem dos segundo, minutos e horas, dando sentindo aos dias, semanas, meses, anos, décadas, séculos e milênios. Ele é o próprio nome: Tempo.


Tempo (Kitêmbo) rege as estações do ano, como já disse. Ele é o responsável pela passagem de um a para outra. Está ligado ao frio, ao calor, à seca, às tempestades, ao ambiente pesado e ao ambiente agradável;
Tempo é o outono: período de mudança das plantas, dos ventos fortes, do clima meio nublado, sem beleza, mas de fundamental importância para o surgimento de um novo ciclo de vida.
Tempo é inverno: período de frio, chuvas permanentes, ambiente gelado e úmido.
Tempo é verão: período de forte calor, de sol escaldante, de seca, de estiagem.
Tempo é primavera: período da beleza das plantas, do nascimento e do desabrochar das flores, do clima agradável, do frio gostoso e do sol morno, sadio; período em que a Natureza é mais colorida e talvez mais bela de ser ver.
Tempo é o passeio por todas essas estações. Ele se encanta na mudança brusca de clima, do popular: “sol e chuva, casamento de viúva”. Tempo é a mudança radical e a mudança proporcional do clima.
Kitêmbo é a escala do tempo, por isso sua ferramenta é uma escada, em referencia ao crescimento do tempo em nossa volta. É a energia em constante deslocamento nos quatro pontos cardeais: norte, sul, leste e oeste. Viaja pelos quatro, constantemente, sem parar. E nem poderia!
Os Angolas e os Congos, que cultuam os antepassados, contam uma historia sobre esse Inkice (Orixá). Relatam que ele era um homem muito agitado, que resolvia varias coisas ao mesmo tempo e que realiza varias tarefas de uma só vez.
Reclamava, entretanto, que o dia era muito pequeno e que não conseguia realizar tudo aquilo que desejava, nos prazos estabelecidos por ele mesmo. Reclamava demais. Cobrava de Zambi (Oxalá nas nações  Angola e Congo) ter nascido lento e incapaz de realizar tudo o que pretendia, mesmo que, na realidade, fosse um homem forte, veloz, astuto e competente. Mesmo assim, não se considerava capacitado para realizar seus objetivos e acusava Zambi de ter feito o dia muito pequeno.
Um dia, Zambi lhe disse:
- Você e muito afoito. Parece que errei em sua criação, pois você não se conforma com o eu feito.
E ele retrucou  a Zambi:
- Não tenho culpa se o Senhor, Pai, fez  o dia tão pequeno. As horas são tão miúdas que não dá tempo para realizar tudo àquilo que planejo!
E Zambi, aborrecido, mas admirado pela coragem do seu filho, determinou então:
- Já que você considera que o tempo é pequeno, passará, então, a controlá-lo e administrando o verão, o inverno, o outono e a primavera. Andará, então, pelo fogo, pela água, pela terra e pelo ar. Não terá, mas problemas de tempo. Será,  então conhecido com Tempo e regerá os movimentos da Natureza.
E, na terra, o povo clama o seu Inkice entoando a cantiga:

“E Tempo Zará... e Tempo Zará Tempo ô!
E Tempo para trabalhar...
“E Tempo Zará... e Tempo Zará Tempo ô!
E Tempo para comer...
“E Tempo Zará... e Tempo Zará Tempo ô!
E Tempo para beber...
“E Tempo Zará... e Tempo Zará Tempo ô!
E Tempo para viver...”

            Poderia eu falar mais desta maravilhosa e tão importante força da Natureza mas, no momento, falta-me tempo!


           Zará Tempo, Tempo Zará!

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