Como se sabe, muitas são
as formas existentes de culto no Brasil que se utilizam da denominação
Candomblé. Isto se dá pela grande variedade de etnias de negros, que reduzidos
à condição de escravos, chegaram ao nosso país. Cada grupo/etnia que aqui aportou
pertencia a locais distintos na África, tendo assim, costumes e culturas
diferenciadas. Assim, portanto, chegaram daometanos, yorubás, congolenses,
angolanos, malês e inúmeros outros grupos, que em terras brasileiras procuraram
manter seus hábitos, sua cultura e também seus ritos religiosos. Daí surgiram
às nações de candomblé, ou seja, a prática do candomblé conforme ritos
específicos da origem do povo praticante, como a nação de Ketu, a nação Jêje, a
nação Efón, Angola e Kongo (atualmente, estas duas últimas, consideram-se
fundidas dada a grande semelhança das práticas religiosas e a proximidade das
línguas utilizadas, que são respectivamente, o Kimbundo e o Kikongo). Portanto,
cada nação de candomblé possui características próprias, que a diferencia das demais.
Estas diferenças se encontram na língua utilizada, nas divindades cultuadas, em
determinadas práticas de caráter sigiloso (fundamento), no modo de se enxergar
determinadas questões, enfim, numa série de fatores distintivos.
Abaixo algumas diferenças
entre as Nações Angola, Jêje e Ketu.
A primeira e primordial
diferença entre as citadas nações de candomblé se encontra com relação às
divindades, objeto do culto. Assim:
Mukixes para os Angolanos;
Inkices para os Congolenses;
Orixás para os Yorubás (Nação Ketu), e;
Voduns para os Daometanos (Nação Jêje).
Outra diferença
encontrada, dentre muitas, é a variação do idioma/língua/dialeto utilizado em
cada vertente, assim:
Kimbundo para os Angolanos;
Kikongo para os Congolenses;
Yorubá para os Yorubás, e;
Éwé-fon para os Daometanos.
Distinguem-se ainda pelo
próprio ritmo dos atabaques, pelas denominações que cada nação dá a estes, ou
mesmo pela maneira de tocá-los, assim teremos:
Kongo de Ouro, Barra Vento
e Kabula para as tradições Bantu (Angola e Kongo), ritmos estes, obtidos
através do toque com as mãos. Sendo denominados, os atabaques, simplesmente de
engomas ou "ngomas".
Ijexá, Igbin, Aguerê,
Bravum, Opanijé, Alujá, Adahun e Avamunha para as tradições Yorubás e
Daometanas. As denominações dos atabaques para os últimos (Jêjes) são: rum, rumpi e lé (os atabaques nesta cultura diferem-se
das demais até mesmo no formato, pois são acomodados em suportes na posição
horizontal, diferentemente das demais tradições); Para os primeiros (Yorubás),
os atabaques são chamados de ilubatás
ou ilús, sendo tocados com a ajuda de varetas (aguidavi) e não diretamente com as mãos (exceto
o Ijexá, que se utiliza também do toque com as mãos). Embora em muitas casas de
diferentes nações e comum as corimbas serem chamados como na nação Jêje.
Candomblé
de Angola
Religião afro-brasileira,
de origem banto, que
compreende as nações de Angola
e Congo (Cassanges,
Kikongos, Kimbundo, M´bundo e Kiocos), e se desenvolveu entre os escravos
africanos que falavam a linguagem Kimbundo
e Kikongo e são facilmente
reconhecidos pela maneira diferente de cantar, dançar e percutir seus tambores.
Na hierarquia de Angola o
cargo de maior importância é para homem Tata
Nkisi (tata de inquinces) e
para mulher Mametu Nkisi
(Mametu de inquices), que
correspondem ao Babalorixá e a Yalorixá dos Yorubás, e o Deus supremo é Zambi (Nzambi) ou Zambiapongo
(Ndala Karitanga).
O Candomblé de Caboclo é
uma modalidade desta nação, e cultua os antepassados. Há uma nação que faz
parte do Batuque do Rio Grande do Sul que descende de Angola, que é a Cabinda.
Os rituais da nação Angola
começam com o Massangá,
que é o batismo na cabeça do iniciado, feito com água doce e Obí; Bori com sacrifício de animais para o uso
do sangue (menga); ritual de raspagem, conhecido como
feitura de santo; ritual de obrigação de 1 ano; ritual de obrigação de 3 anos,
onde muda o grau de iniciação; ritual de obrigação de 5 anos, com o uso de
frutas, obrigação de 7 anos, quando o iniciado recebe seu cargo, é elevado ao
grau de Tata Nkisi (zelador) ou Mametu
Nkisi (zeladora). Após 7 anos
de obrigações, será renovado a cada ano com o rito de Obí ou Bori,
conforme o caso, e de 7 em 7 anos se repete as obrigações para conservar o
individuo forte, se transformando em “Kukala Ni Nguzu”, que quer dizer
um ser forte.
Em frente a toda casa de
Candomblé Angola existe um mastro com uma bandeira branca que representa a
nação.
Mukuiú N´zambi
Candomblé
Djedje
Dahomé, o berço da nação
Éwé e Fon,
denominados Djedjes, no
Brasil, enumeram-se em diversas tribos como os Agonis, Axântis, Gans-Crus, Popós etc. Os primeiros povos djedjes
tiveram como destino São Luís
do Maranhão, onde ainda se mantém vivas as tradições religiosas trazidas da
terra mãe, África. Também se encontra o ritual djedje em Salvador, Cachoeira de
São Félix, Pernambuco entre outros estados do Brasil como Rio Grande do Sul e
São Paulo, que também importou os rituais desta nação.
O negro descendente do
Dahomé, hoje Benin, trouxe consigo o culto à suas divindades chamadas Voduns, cujo Deus Supremo é Mawu, a quem são subordinados,
assim como Olódúmarè o Deus Supremo dos Orixás Yorubás. Diz
a Mitologia Fon que Mawu tinha um companheiro chamado Lissá. Mawu era a Lua,
que teve força ao longo da noite e viveu no oeste. Lissá era o Sol, que fez sua
morada no Leste. Quando existia um eclipse dizia-se que Mawu e Lisa estavam
fazendo amor. Eles eram pais de todos os outros Deuses. E existem catorze
destes deuses, que eram sete pares de gémeos. Este relato é um mito do primeiro
povo do Dahomé, os Fons.
O culto aos Voduns teve
ênfase na Bahia, conhecido como Candomblé Djedje, e no Maranhão Tambor de Mina.
Algumas casas de djedje
tiveram influencias dos yorubás e vice-versa, formando o que se chama de
cultura Djedje-Nagô. A exemplo do candomblé, as instalações dos terreiros
contam com um barracão central para as danças, pequenas casas reservadas para
as diferentes famílias de divindades, onde são mantidos os assentamentos, há
uma cozinha, quartos para dormir e se vestir e quarto onde os iniciados ficam
recolhidos durante as obrigações. Há também a casa de Legba, onde são feitas
grandes obrigações.
A iniciação djedje requer
um longo período de confinamento, que pode durar de seis meses a um ano de
reclusão, onde um Vodunsi aprende as tradições religiosas djedje como: danças,
cantigas, preparo das comidas sagradas, cuidar de árvores e espaços sagrados,
votos de segredo e obediência. As entidades são assentadas, recebem sacrifícios
de animais, comidas, bebidas e outros presentes. Os assentamentos são
preparados em pedras, que representam um “imã” que tem a força do Vodun, e
ficam guardadas no quarto de segredo recobertos com jarras, louças e
ferramentas. Existem, também, assentamentos em outras partes da casa e do
quintal marcados por árvores como a cajazeira,
ginja e pinhão branco. É comum ter assentamentos no centro do barracão de
danças; assim como em outras nações, no culto djedje também são feitos rituais
de limpezas, banhos com ervas e muitas preces.
Mawu é o ser supremo dos
povos Éwé e Fon, criador do mundo, dos seres vivos e das divindades. Mawu (feminino) e Lissá
(masculino) formam a
divindade dupla Mawu-Lissá cujos Voduns são filhos e descendentes de ambos. Os
principais Voduns são: Loko;
Gu; Heviossô; Sakpatá; Dan; Agbê; Águé; Ayizan; Agassu; Legba e Fa.
Kolofé Olorun
Candomblé
de Ketu/Nagô
Ketu é o nome de um antigo
reino da África, na região agora ocupada pela República Popular do Benin e pela
Nigéria. Seu rei tem o nome de Alaketu, de onde vem o sobrenome da conhecida
Yalorixá Olga de Alaketu. Também indica o nome do povo dessa região, que veio
como escravo para o Brasil. Em termos de identidade cultural, forma uma
subdivisão da cultura iorubana. Em geral, membros de origem ketu são
responsáveis por boa parte dos terreiros mais tradicionais da Bahia.
A diferença entre as
outras nações está no idioma utilizado, no caso o Yorubá, no toque dos seus
atabaques, nas cores e símbolos dos Orixás, e nas cantigas; Os fundamentos são
passados oralmente por sacerdotes de Orixás que são chamados de Babalorixá
(masculino) Yalorixá (feminino).
Outra grande diferença é
em relação ao culto dos Eguns; existe um sacerdote preparado para este ritual
especifico chamado Ojé ou Baba
Ojé, que faz o uso de um Ixã
(bastão) para dominar os
Eguns; conforme informações de um antigo sacerdote de Ketu, chamado Balbino de
Xangô, quem lida com Orixás não lida com Eguns; Já no Rio Grande do Sul, é o
próprio Sacerdote de orixá quem faz os rituais de Eguns.
Os cargos principais na
nação Ketu/Nagô são:
- Babalorixá ou Yalorixá: autoridades máximas no Candomblé
- Iyakekerê: mãe pequena
- Babakekerê: pai pequeno
- Yalaxé: mulher que cuida dos objetos ritual.
- Babalaxé: homem que cuida dos objetos ritual.
- Ajibonã ou jíbonan: mãe/pai criadeira (o) supervisiona e ajuda na iniciação.
- Egbomi: pessoa que já cumpriu sete anos de obrigação.
- Iyabassê: mulher responsável pela preparação das comidas de santo.
- Yawo: filha (o) de santo (que já incorpora Orixá).
- Abiã: novato.
- Axogun: responsável pelo sacrifício de animais.
- Alagbê: responsável pelos atabaques e pelos toques.
- Ogan: tocadores de atabaques.
- Ajoiê ou Ekedi: camareira de Orixá.
- Babalorixá ou Yalorixá: autoridades máximas no Candomblé
- Iyakekerê: mãe pequena
- Babakekerê: pai pequeno
- Yalaxé: mulher que cuida dos objetos ritual.
- Babalaxé: homem que cuida dos objetos ritual.
- Ajibonã ou jíbonan: mãe/pai criadeira (o) supervisiona e ajuda na iniciação.
- Egbomi: pessoa que já cumpriu sete anos de obrigação.
- Iyabassê: mulher responsável pela preparação das comidas de santo.
- Yawo: filha (o) de santo (que já incorpora Orixá).
- Abiã: novato.
- Axogun: responsável pelo sacrifício de animais.
- Alagbê: responsável pelos atabaques e pelos toques.
- Ogan: tocadores de atabaques.
- Ajoiê ou Ekedi: camareira de Orixá.
Os Orixás cultuados na
nação Ketu são: Exu, Ogun, Oxóssi, Logun Edé, Xangô, Obaluàyé, Oxumarê, Ossãe,
Oyá, Oxun, Yemanjá, Nanã, Ewá, Oba, Oxalá, Ibeji, Irôko, Orunmilá.
Na nação Ketu, existente
principalmente na Bahia, predominam os Orixás de origem Yorubá, e os terreiros
mais conhecidos são: a Casa
Branca do Engenho Velho, o Ilê
Axé Opô Afonjá, o Gantois.
O Candomblé de origem ketu
já se espalhou por todos os grandes centros urbanos do Brasil e também para o
exterior, e nota-se um movimento de recuperação de raízes africanas, que
rejeita o sincretismo católico, procurando reaprender o yorubá como língua original
e tenta reproduzir os rituais que estavam perdidos ao longo do tempo, há casos
em que muitos sacerdotes procuram viajar até África para descobrir mais sobre a
cultura dos Orixás.
Motumbá Asé
GOSTEI MUITO DA ESPLICASão obrigado
ResponderExcluirMuito boa explicação esclareceu muitas coisas para mim
ResponderExcluirGostei da explicação mas e falam que exite muitas diferenças entre o keto.eo.nago ,No caso.do.yao,minha grande dúvida o filho que faz seu yao na nação nagô.ja e pai de santo ?ou o certo.e esperar os 7 anos de aprendizagem e tirar tds os oduns antes de ser pai de santo e o Deca só se recebe após os 7 anos ?
ResponderExcluirBatuque do RG do SUl cultua Kambina, do rei de oyo OKAMBI, orixás e nada tem haver com o enclave de Angola, Kabinda.
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